O destaque para a figura de Darwin deve-se ao fato de ser considerado o "pai da teoria da evolução", apesar de não ser o primeiro a propor que as espécies não são fixas, ou seja, elas mudam – evoluem. Sobre o alcance da hipótese científica, Daniel Dennett (2005) afirma, em seu livro A perigosa ideia de Darwin, que a teoria da evolução pela seleção natural é o ácido universal que perfura quase todos os conceitos tradicionais e deixa na sua esteira uma visão do mundo revolucionada, com a maioria dos antigos marcos ainda reconhecíveis, mas transformados de maneira fundamental.
A Perigosa Ideia De Darwin Daniel Dennett Pdf 15
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O objetivo desse trabalho é demonstrar que a poética narrativa que pode ser depreendida de relatos do escritor Jorge Luis Borges tem uma grande afinidade com a teoria dos memes: ambas supõem que as ideias são entidades com vida própria, e ocupam um lugar central na formação da mente humana e em seu funcionamento teleológico. Para tanto apresentaremos algumas narrativas de Borges e, paralelamente, a assim chamada teoria dos memes ou memética. No caso da memética, a teoria da evolução por seleção natural associada à genética serve de base para pensar os memes como entidades análogas aos genes. Para chegar a esclarecer esse ponto apresentaremos uma versão do darwinismo atual e da genética, para só então introduzir a teoria dos memes. De especial interesse é o caso do relato "Funes, o memorioso", no qual o neurologista Oliver Sacks, identifica no personagem-título uma afecção cognitiva, mas que aqui irá nos servir de base para argumentar que enquanto Funes é um homem sem ideias, um grau zero de memes, outros personagens e relatos representam a prisão que certas ideias, especialmente monomanias, podem nos encarcerar. Ao contrário de interpretações tradicionais que indicam que Borges é adepto da ideia de que o conhecimento e a ciência não passam de um jogo de espelhos, afirmo que Borges vê muito bem que as ideias (incluindo as científicas) podem nos levar à destruição, mas também podem ajudar a nos libertarmos de prisões naturais e daquelas que nós mesmos criamos, consciente e inconscientemente. Cien. Cogn. 2010; Vol. 15 (1): 155-170.
Dawkins foi o primeiro a nomear os 'memes' em 1976, mas David Hull em 2000 argumentava que a memética teria no máximo doze anos, indicando que Dawkins não era em absoluto o autor que desenvolveu e aplicou seriamente a ideia de meme como um ponto de partida para um programa de pesquisa ou uma tradição de investigação. Em 1995, no livro A perigosa ideia de Darwin, publicado no Brasil em 1998, o filósofo da mente Daniel C. Dennett dedica todo um capítulo inteiro para tratar dos memes, para tratar do cérebro como ninho de memes. Além desse capítulo, o livro está coalhado de referências aos memes, em vários contextos, e indica uma linha de raciocínio consistente em defesa da aproximação entre a filosofia e as ciências sociais, de um lado, e o darwinismo, do outro. (Dennett, 1998; Runciman, 1998). Em The meme machine, publicado nos EUA em 1999, e sem tradução para língua portuguesa, Susan Blackmore defendeu sistematicamente que a história evolutiva do homem tem sido perversamente guiada pela lógica de unidades culturais de imitação chamadas memes. Basicamente, memes são ideias, informações, que se reproduzem de mente para mente, de ser humano para ser humano: memes são "instruções para realizar comportamentos, estocadas no cérebro (ou em outros objetos), e passada adiante por imitação" (Blackmore, 1999: 43). Na verdade, segundo a autora, nós, seres humanos, e nossos cérebros, seríamos máquinas de reprodução de ideias. O mecanismo para essa reprodução de ideias seria a imitação, mais especificamente a aprendizagem. 2ff7e9595c
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